sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Emoções e Bloqueios na Escrita Científica



Carol Smart 

A escrita científica, nos seus diversos formatos e pelas suas características únicas, não é nada fácil. É um desafio constante que facilmente tomba para ansiedades, estados depressivos e bloqueios vários. No vídeo "The emotional challenges of writing"Carol Smart, do Morgan Centre (Universidade de Manchester) revela-nos, de forma brilhante e em menos de 7 minutos, que medos se escondem por trás destas dificuldades, que estratégias ela própria utiliza* e como ultrapassar um desafio muito específico: Bloqueio d@ Escritor@, vulgo Writer's Block. O vídeo é um Inglês, para quem quiser há o meu resumo livre logo em baixo.

*eu não sei nada, mas acho que estas estratégias devem funcionar...afinal estamos a falar de alguém que publicou mais de 50 trabalhos científicos só na última década. Atenção, não façam as contas com as outras décadas, perigo de desmotivação!


Vídeo produzido Pelo Morgan Centre for the Study of Relationships and Personal Life (University of Manchester) também disponível aqui

Os desafios:
Escrever cientificamente tem várias implicações mas uma delas é constante: escrevemos potencialmente para uma audiência de pares qualificados. Isto pode facilmente criar o medo da exposição, de sermos julgados. A nossa escrita é pública e o fantasma da vigilância interpares, ainda que muitas vezes negado, é real. Para os "escritores" mais novos que apenas publicaram a tese, por exemplo, é também comum a questão "será que nunca mais vou conseguir publicar? A acompanhar esta tragédia (!) vem também a velha questão da insegurança, ou seja, se seremos tão bons como os nossos pares.

Três estratégias para escrever de forma produtiva:
1. Reconhecer que as emoções fazem parte do processo de escrita e que o próprio processo é feito de altos e baixos.
2. Encontrar o nosso ritmo de escrita e respeitá-lo. Se escrevem bem de manhã e a seguir ao almoço não conseguem concentrar-se até às 16h, assumam essa rotina sem culpa e utilizem as outras horas para fazer outras coisas necessárias (ou nem tanto). Se o vosso ritmo funciona, tornem-no numa rotina.
3. Nada na escrita científica, pela sua própria definição, é definitivo. Em vez de pensarem que já vão estar a ser julgados, pensem que estão apenas a iniciar uma conversação, porque na realidade, é mesmo disso que se trata. Não se sentem em cima da vossa produção intelectual até estar tudo completamente maduro e perfeito, lancem umas ideias para a discussão e algo crescerá daí.

E quando o Bloqueio se instala?
Não é preciso que as ideias estejam completamente desenvolvidas para as escrever. Escrevam tudo, até os maiores disparates ou aquilo que parece apenas uma semente muito pouco desenvolvida. Escrevam tudo, sempre. Smart afima que "a Progressão opera contra a depressão". Encarem a escrita de uma forma mais leve. Por fim, uma das ideias aqui sugeridas que considero particularmente útil para as metodologias qualitativas é a de começar a escrever um projeto ou uma ideia por aquilo que vais vou interessa ou mais vos seduz nela. As ideias materializam-se também (ou sobretudo) no próprio processo de escrita. Mantenham algumas ancoras para não se perderem no vazio ou saírem completamente dos vossos objetivos, mas deixem-se também levar pelo próprio processo. 

No fundo, escrevam tudo, sempre. 
Ou como diria Pina Baush: "Dancem, dancem, senão estaremos perdidos"


Referências:
Smart, C. (2010). The Emotional Challenges of Writing [Video]. Disponível através de  www.manchester.ac.uk/morgancentre.
Smart, C. (2010). Disciplined writing: On the problem of writing sociologically. Disponível através de http://www.socialsciences.manchester.ac.uk/morgancentre/realities/wps/13-2010-01-realities-disciplined-writing.pdf

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