Muitas das questões que me fazem actualmente referem-se às diferenças e semelhanças entre tipos de análise de dados qualitativos:
Se quando utilizo grounded theory estou à procura de temas emergentes, isso não é análise temática? E a análise temática é mais simples do que a análise narrativa? Qual a diferença entre análise de conteúdo e análise temática?
Hoje iniciamos uma série de artigos que pretendem abordar algumas destas confusões. Começamos com a Análise Temática - o método mais "faça-você-mesmo" da analise qualitativa.
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por Luís Alves http://urban-myth.tumblr.com |
O que é a análise temática?
A análise temática é flexível; pode ser utilizada com diferentes posicionamentos epistemológicos (positivista; pós-positivista; construccionista); não tem requisitos de amostragem (i.e.: não é necessária uma amostragem teórica); e adequa-se a diversos tipos de dados qualitativos (entrevistas, focus groups; diários, etc).
Fazer análise temática é como fazer 'grounded theory light'?
Enquanto a grounded theory (GT) é considerada uma metodologia específica, já que pressupõe um quadro de referência teórico sobre como conduzir a recolha e análise de dados de forma a produzir teoria, com um protocolo (relativamente) definido, a análise temática é apenas um método de análise.
A análise temática é mais acessível do que a grounded theory, especialmente se considerarmos que uma abordagem com GT pode demorar muito tempo, tem procedimentos específicos que precisam de ser bem treinados e calibrados, necessita de uma contínuo investimento na abstracção conceptual e na comparação constante, e tem alguns requisitos pouco adaptáveis a muitos projectos de investigação. Ao contrário da grounded theory, a análise temática não tem como objectivo último o desenvolvimento de uma teoria a partir de conceitos core, mas sim uma descrição sumária dos dados através de temas que os representem adequadamente.
Como fazer análise temática: 15 critérios de qualidade
Embora flexível e aparentemente 'descomplicada', a análise temática pode tornar-se numa dor de cabeça para investigadores menos experientes: a ausência de um referencial teórico sólido pode dificultar o processo de análise e a simplicidade dos processos pode contribuir para resultados simplistas - que mais não são que paráfrases dos dados. Eis os 15 critérios para uma análise temática de qualidade (adaptado de Braun & Clarke, 2006).
Convém ter em conta que há pelo menos duas abordagens à análise temática. A abordagem mais utilizada é a de Braun e Clarke, a outra é proposta por vários autores, entre os quais Boyatzis (1998).
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Referências:
- Boyatzis, R. E. (1998). Transforming qualitative information : Thematic analysis and code development. Thousand Oaks : Sage. ( na Biblioteca FPIE-UL INV/ED BYT*TRA)
- Página 'Como utilizar análise temática - abordagem Braun & Clarke'
- Braun & Clark (2006) Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3: 77-101.
- Página sobre Análise Temática na University of Auckland
- Fereday & Muir-Cochrane (2006). Demonstrating rigor using thematic analysis: A hybrid approach of inductive and deductive coding and theme development
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