quinta-feira, 19 de julho de 2012

Mapa de Estrada: Qualitativas na Biblioteca




Não é a primeira (nem a quarta...) vez que me perguntam:
- "Tanta coisa...mas por onde é que começo?"
- "É melhor ler primeiro sobre os paradigmas ou sobre as técnicas?"
- "Deixo para o fim os grandes handbooks de qualitativas ou ataco-os logo antes de seguir para a grounded theory?"


Deixo aqui um possível roteiro. Baseei as minhas escolhas na minha própria experiência em termos de mestrado + doutoramento e naquilo que considero ser o mais frequente planeamento estratégico de uma investigação. É uma lista curta, focada naquilo que considero "os essenciais". É um ponto de partida. 


Todos estes recursos se encontram na Biblioteca da Faculdade de Psicologia e Instituto de Educação.


Organizei os recursos na forma que é para mim mais natural e correcta: 1) Paradigmas e abordagens macro; 2) Escolas; 3) Estratégias de recolha; 4) Técnicas de análise; 5) O mundo real  e 6) Integração e escrita. Alguns são em Português (PT). Penso que esta sequência poderá prevenir alguns daqueles erros clássicos e tãooo chatos ("Oh não! Afinal não posso fazer grounded theory com categorias prévias rígidas! Será que acabei de perder 1 mês de codificações!?! ")


Aqui vai:


Paradigmas e abordagens macro
  • Flick (2005). Métodos qualitativos na investigação científica (PT). 
  • Denzin & Lincoln (2008).  The landscape of qualitative research
  • Creswell (2007). Qualitative inquiry & research design : choosing among five approaches
  • Denzin &Lincoln(2006). The Sage handbook of qualitative research 
  • Creswell & Clark (2011). Designing and conducting mixed methods research
Escolas e Modelos
  • Corbin & Strauss (2008). Basics of qualitative research : techniques and procedures for developing grounded theory (Também em PT, com o título: "Pesquisa qualitativa : técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada")
  • Charmaz (2007). Constructing grounded theory : a practical guide through qualitative analysis (Também em PT, com o título "A construção da teoria fundamentada"
  • Hollway & Jefferson (2007). Doing qualitative research differently : free association, narrative and the interview method
  • Elliott (2005) Using narrative in social research : qualitative and quantitative approaches
  • Guerra (2006).  Pesquisa qualitativa e análise de conteúdo
Estratégias de recolha
  • Brinkmann & Kvale (2009). Interviews: Learning the craft of qualitative research interviewing 
  • Rubin & Rubin (2005). Qualitative interviewing : the art of hearing data.
  • Krueger (2009). Focus groups: A practical guide for applied research.
Técnicas de análise
  • Silverman (2009). Interpretação de dados qualitativos : métodos para análise de entrevistas, textos e interações
  • Major &Savin-Baden (2010). An introduction to qualitative research synthesis : managing the information explosion in social science research 
  • Bazeley (2010). Qualitative data analysis with NVivo.
  • Guerra (2006).  Pesquisa qualitativa e análise de conteúdo
  • (nota: o primeiro e segundo livro na categoria "Escolas e Modelos" também incluem componentes de análise, em grounded theory)
O mundo real
  • Richards (2009). Handling qualitative data: A practical guide
  • Hesse-Biber & Leavy (2011). The practice of qualitative research.
Integração e Escrita
  • Bloomberg & Volpe (2008). Completing your qualitative dissertation: A roadmap from beginning to end.
  • Wolcott (2008). Writing up qualitative research.

Provavelmente esqueci-me de alguns "essenciais" mas fica o desafio para vocês comentarem este post: Que outros recursos qualitativos consideram essenciais?

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Alto e pára... a análise!

 @luanacunhaferreira


Quando é que se pode finalmente parar com a análise qualitativa? 
P.A.R.A.R.
Quando?


Quando se tem uma constelação de temas que se configura em redor de uma única categoria, qual sistema solar em órbita à volta do astro-rei?

 @luanacunhaferreira



Quando percebemos que já não estamos a ver (nem a sentir, nem a imaginar, nem a ligar nem a criar) nada de novo a partir dos dados, e que por mais que os viremos ao contrário, do avesso, de trás para a frente....já não dá mais?

Curran Clark photography

...ou quando já só queremos arranjar um novo problema para resolver, um novo fenómeno para indagar....um novo qualquer coisa...?




Lyn Richards (2005), no seu livro Handling Qualitative Data  (que recomendo vivamente, especialmente a quem faz grounded theory), sugere 5 sinais que indicam que a análise realizada é suficiente:

1. 
Simplicidade
Produzimos um cristal multifacetado ou uma amálgama de diamantes em bruto ?

2. 
Equilíbrio: 
O esquema resultante da análise é coerente? organizado?

3. 
Integração: 
Explica o fenómeno em estudo e inclui algumas possíveis variações do mesmo?

4. 
Robustez
Será uma proposta forte o suficiente para não se deixar desmontar facilmente pela inclusão de novos dados?

5.
Relevância
Faz sentido para as audiências a quem se dirige? 


Estes princípios são úteis na medida em que nos alertam para um erro comum em análise qualitativa. A identificação de temas, por si só, parece mas não é suficiente para satisfazer estes critérios de qualidade. Para uma investigação qualitativa de qualidade, é necessário contextualizar e ligar esses temas, de forma a construir um argumento coerente suportado pelos dados - que seja útil para os interessados e interessante para o revisores...

***

Referências:
Bazeley, P. (2009).  Analysing qualitative data: More than ‘identifying themes’Malaysian Journal of Qualitative Research,  2, 6-22.
Richards, L. (2005).  Handling qualitative data. London: Sage.